O Setembro Amarelo é uma campanha de prevenção ao suicídio, que busca promover discussões sobre saúde mental e sobre estratégias para reduzir os casos de suicídio no país. O Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro RN ressalta a importância de, nesse mês, olhar com particular atenção para a saúde mental das mulheres trabalhadoras do Brasil.

Mais do que uma questão meramente subjetiva e psicológica, a saúde mental é afetada pelas condições objetivas nas quais os indivíduos estão inseridos. A classe trabalhadora se encontra em uma conjuntura marcada pelo desemprego, pela retirada de direitos trabalhistas e previdenciários, pela violência policial, pela alta nos preços de itens básicos e pela insegurança de vida e saúde decorrente da pandemia de COVID-19, acentuada pelo descaso do governo federal em tomar medidas eficazes para prevenir sua proliferação.

Nesse contexto, a classe trabalhadora feminina, afetada pelo cenário político e social no qual o país se encontra, sofre ainda os efeitos da opressão de gênero associada à exploração de classe, característica do sistema capitalista de produção. Responsabilizadas pelas atividades domésticas e pelo cuidado de crianças e idosos, as mulheres precisam enfrentar duplas jornadas de trabalho, além das diversas violências sexistas com as quais podem se deparar ao longo da vida, desde violências psicológicas e patrimoniais, passando por agressões físicas e sexuais, até os casos extremos de feminicídio. Somado a todos esses fatores que causam sofrimento psíquico às mulheres, ainda verificamos o impacto à saúde mental causado pelo racismo, pela transfobia, pela bifobia e pela lesbofobia a mulheres negras, trans, bissexuais e lésbicas, respectivamente.

Defendemos como medidas de promoção de saúde mental e prevenção ao suicídio: educação pública gratuita e de qualidade; aprimoramento do SUS e de seus dispositivos de cuidado à saúde mental; garantia de emprego, moradia, alimentação, cultura e lazer para a classe trabalhadora; medidas eficientes de combate ao COVID-19; e, finalmente, a superação do sistema capitalista patriarcal, racista e LGBTfóbico, pela construção do socialismo e do poder popular.
Ilustração: @anc.moraes