Somente no primeiro semestre de 2021, 89 pessoas trans foram mortas, sendo 80 assassinatos e nove suicídios, segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). Ainda, é possível que tenham sido perdidas mais vidas que não foram registradas. A Antra também contabilizou 33 tentativas de assassinato e 27 violações de direitos humanos. Tais ocorrências representam a violência da sociedade capitalista, que rejeita o que corresponde à moral, à cultura e à ideologia dominante – neste caso, a normatividade sexual e de gênero.

Essa violência não é exclusiva das instituições burguesas e dos setores alinhados ao espectro político da direita, mas também assola setores progressistas. Tanto no dia a dia, quanto nos ambientes virtuais de forma constante, como aconteceu recentemente com as companheiras Lana de Holanda (@transcomunista) e Rebecca Gaia (@rbcgaia). O Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro presta solidariedade a elas e afirmamos o nosso posicionamento em defesa da população trans e travesti e contra a transfobia, seja ela de qual grupo vier.

Muitos grupos feministas ainda trazem, em suas diretrizes políticas, a não aceitação das/os transexuais e das travestis em seus espaços de auto-organização e atuação política. Para nós, do CFCAM, isso reforça o divisionismo promovido pelo capitalismo nas fileiras da classe trabalhadora, colocando barreiras que nos separam a partir da heterogeneidade da própria classe, impossibilitando uma luta unitária, de caráter classista, contra a dominação patriarcal, a violência de gênero e a exploração capitalista.

Como feministas classistas, entendemos que a categoria “gênero” é uma construção social que, na sociedade capitalista, tem atribuído distintos papéis a serem cumpridos, determinados historicamente. A construção da posição social dos homens e das mulheres oprime e marginaliza quem desvia dos padrões dominantes, também posicionando as mulheres trans e travestis no polo da feminilidade explorada pela divisão sexual do trabalho. Portanto, entendemos que se opor a grupos que passam por essas opressões de maneira tão violenta na sociedade brasileira é não compreender o modo de operação capitalista e do patriarcado, o que é contrário à análise do materialismo histórico e dialético. 

Lutamos por um mundo onde as identidades e individualidades não sejam um marcador social que reforcem as opressões, mas sim um lugar onde todos/as possam desenvolver plenamente as suas potencialidades, uma sociedade socialista e, posteriormente sem classes, comunista.

O Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro reitera o apoio na luta pela visibilidade trans e também toma posição em defesa, sobretudo, da necessidade de mantermos uma articulação em prol de lutas conjuntas e combativas à transfobia, bem como o combate à exploração a qual as pessoas trans e travestis estão sujeitas: figurando como exército de reserva, na dificuldade de inserção em empregos formais, a precarização acentuada no mundo do trabalho e a exploração sexual.

Como coletivo organizado no Partido Comunista Brasileiro, temos orgulho de contar, em nossas fileiras, com o Coletivo LGBT Comunista, e indicamos os materiais produzidos pelos camaradas para maior acúmulo sobre o tema, levando em conta a nossa orientação como marxistas-leninistas.