Nota de denúncia e repúdio à atlética violenta e machista de medicina da UNIVASF e a todas as formas de violência contra as mulheres

Contra a violência, nossa organização! Machistas, não passarão!

Num momento tão delicado para as mulheres da Universidade do Vale do São Francisco (UNIVASF), quando uma de nós a poucos dias foi morta violentamente por seu ex namorado dentro do campus universitário, nada pior que se deparar com uma música como da atlética de medicina da UNIVASF, extremamente machista, onde incita explicitamente a violência contra as mulheres e onde se impõe como os dominadores e opressores “machos” que são.
A música coloca claramente as mulheres como objeto de consumo dos homens, dando margens para o assédio, o estupro e para a morte de mulheres. Essa cultura machista e opressora - determinada por esse modelo social que vivemos, que necessita da dominação e opressão das mulheres para a sua reprodução - é determinante no índice de mortes e violência contra as mulheres.
Segundo dados do IPEA, 472 mulheres são assassinadas por mês, 15,52 a cada dia (uma a cada hora e meia). São vidas ceifadas, rompidas por atos machistas. Há 15 dias atrás, Rosilene Ramos, 32 anos, estudante de enfermagem, foi assassinada na cantina da UNIVASF de Petrolina, pelo seu ex-companheiro, com cerca de 40 facadas. Em que esse ato se relaciona com a infeliz música de torcida da atlética de medicina da UNIVASF? TUDO!
A mesma cultura que coloca as mulheres como mero objetos de prazer dos homens, também estabelece uma relação de propriedade entre homens e mulheres, onde quem sofre com essa relação são aquelas que são dominadas socialmente, ou seja, nós mulheres. Somos nós que somos mortas quando rompemos nossas relações amorosas, quando nos negamos a fazer as vontades daqueles que se dizem nossos companheiros, quando queremos nossa liberdade.
A música da atlética de medicina da UNIVASF não é algo novo entre as atléticas. Na região Sul e Sudeste estão acontecendo várias sindicâncias e processos contra as atléticas de curso, em especial de medicina, devido a diversas formas de violência contra as mulheres, inclusive estupros em festas dessas organizações ou em trotes violentos. Infelizmente os esportes, que deveriam ser um espaço de promoção de lazer e saúde, passaram a ser o espaço onde esses grupos violentos se organizam dentro das universidades.
O Coletivo Ana Montenegro vem denunciar esses crimes de gênero. Ser mulher, cis ou trans, não pode mais ser motivo de medo, não podem nos silenciar, não mais!!! Mas para além da denúncia conclamamos a todos as mulheres, PRECISAMOS NOS ORGANIZAR! O machismo só poderá ser acabado quando nos organizarmos para combatê-lo cotidianamente, em suas formas mais explícitas e naquelas escamoteadas e quando destruirmos essa sociedade que utiliza da dominação e exploração das mulheres e de toda a humanidade para sua existência.

Todo repúdio a essa atlética machista da UNIVASF!

Exigimos a abertura de sindicância e denúncia contra esses agressores! Sim, eles são agressores!

Contra o FEMINICÍDIO e todas as formas de violência contra as mulheres!

SOMOS TODAS ROSILENES, MARIAS, PATRÍCIAS!

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Coletivo Feminista Ana Montenegro, 16 de maio de 2015

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