O dia internacional das mulheres trabalhadoras, 08 de março, foi marcado nas mais diversas cidades do nosso país por atos e marchas nas quais nós, mulheres trabalhadoras, nos colocamos contra a violência a nossos corpos e as reformas propostas do governo ilegítimo de Temer: a reforma da Previdência Social e a reforma Trabalhista. Nesse dia de luta foi possível destacar a força de mobilização e organização das trabalhadoras da cidade e do campo. Foi possível ainda em muitas cidades, manter uma mobilização com outras atividades ao longo desse mês.
Contudo, nesse dia de luta, as mulheres trabalhadoras continuaram sendo alvo de ofensas, consequência do machismo enraizado em nossa sociedade, que funciona como mecanismo de opressão e dominação sob nossas vidas. O patriarcado e o machismo servem ao Capital não só como manutenção de seu sistema de reprodução, já que é a mulher que mantém o trabalho ainda necessário para que a força de trabalho, sua e do homem, se reproduzam, mas também como controle da classe, operando uma violência sobre seus corpos.
No 8 de março, enquanto muitas estavam na rua com as mais diversas companheiras e companheiros na luta, o presidente golpista Michel Temer, em seu pronunciamento para o dia das mulheres nos parabenizou afirmando ser o nosso papel na sociedade o cuidado da família e o bem estar do lar, marcando como responsabilidade a criação dos filhos e o seu desenvolvimento. Ou seja, é a confirmação do “bela, recatada e do lar “de Marcela que sabemos ser uma construção ideológica do papel da mulher que não nos representa.
Na última quarta feira (22), toda nossa classe foi atacada com o golpe do governo ilegítimo que desengavetou um projeto de terceirização, atacando a vida dos trabalhadores e ainda mais duramente a das mulheres, ameaçando nosso direito a licença maternidade, férias, restrição do tempo de trabalho, proteção contra a demissão sem motivos, entre outros.
O relator do projeto, o deputado Laércio Oliveira (SD-SE) declarou essa semana que ‘ninguém faz limpeza melhor do que a mulher’, se referindo as trabalhadoras do setor terceirizado hoje no Brasil, que representam cerca de 60% da categoria.
É possível destacar em ambas as falas que para além do alto teor machista e sexista das palavras de Temer e do deputado, que descrevem com naturalidade a exploração do trabalho feminino, um reflexo de todas as políticas e ataques à vida das mulheres que o seu grupo político e a burguesia nacional vem desenvolvendo no último período. As afirmações reforçam a divisão sexual do trabalho e a destinação às mulheres, principalmente às mulheres negras, os empregos mais precarizados, muitos deles análogos ao trabalho escravo.
Por isso, nós do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro repudiamos ambas as declarações, pelo sexismo intrínseco presente e pelas ofensivas diretas que esses senhores, representantes dos interesses da burguesia, apresentam para vida de todas as mulheres trabalhadoras do nosso país. Com isso, para além do dia 08 de março, seguiremos em luta e ocupando as ruas contra a PL da Tercerização, contra as reformas da Previdência e Trabalhista e todos as outras afrontas as nossas vidas.