A VIDA DE ROSA LUXEMBURGO
(texto publicado no Livro-Agenda 2016 – “Mulheres Revolucionárias”)
Nascida na Polônia em 5 de março de 1871, Rosa Luxemburgo se tornaria uma da principais teóricas e militantes da história do marxismo. Suas contribuições ao marxismo viriam em múltiplas esferas: polemizando no interior da Social Democracia Alemã contra o revisionismo, contribuindo com a renovação do pensamento teórico, analisando o movimento de desenvolvimento do imperialismo e cumprindo destacado papel na reorganização do movimento comunista europeu e mundial após a traição dos principais dirigentes e organizações vinculados à Internacional Socialista.
Rosa Luxemburgo foi assassinada em janeiro de 1919, junto com Karl Liebknecht, pelas forças do governo alemão, que contava com a colaboração da Social Democracia Alemã, cuja traição já havia sido denunciada por ela. Sua precoce morte não impediu que vida e obra servissem de exemplo e guia para comunistas e socialistas de todo o mundo. Nas palavras de Lenin, ela era a “a águia polonesa”.
Num ambiente fortemente marcado por tradicionalismos e machismo, Rosa defendeu sua tese de doutorado ainda em 1898 e logo em seguida participou de intensa polêmica com o maior expoente do socialismo evolucionista, Eduard Bernstein. Opondo-se ao reformismo e defendendo a perspectiva revolucionária, Rosa afirmou: “Entre a reforma social e a revolução, a socialdemocracia vê um elo indissolúvel: a luta pela reforma é o meio, a revolução social é o fim”[1].
Rosa foi presa em 1914 sob acusação de incitar a desobediência civil nas suas duras críticas à guerra e ao imperialismo, mas, mesmo presa, cumpriu importante papel junto à vanguarda da classe proletária alemã. Ironizando a postura das lideranças da Social Democracia europeia em relação à guerra afirmou: “Proletários de todos os países, uni-vos em tempo de paz e degolai-vos uns aos outros em tempo de guerra”. Em apoio ao processo revolucionário, escreveu A Revolução Russa, tecendo críticas aos bolcheviques, mas reconhecendo que:
“Lenin, Trotsky e seus amigos foram os primeiros a dar o exemplo ao proletariado mundial. Eles são ainda os únicos que podem exclamar com Huten: Eu ousei! Eis o que é essencial e duradouro na política dos bolcheviques. Conquistando o poder e colocando praticamente o problema da realização do socialismo, fica-lhes o mérito imorredouro de terem dado o exemplo ao proletariado internacional e um enorme passo no caminho do ajuste de contas final entre o capital e o trabalho no mundo inteiro. Na Rússia, o problema não poderia ter sido senão colocado. E é nesse sentido que o futuro pertence em toda a parte ao bolchevismo”.
Libertada apenas em 1918, esteve à frente da Liga Espartaquista e participou da fundação do Partido Comunista da Alemanha (KPD) em 31 de dezembro. Após a derrocada da revolução alemã, em 15 de janeiro de 1919, Rosa e os principais líderes do Partido foram presos e levados para interrogatório, jamais sendo vistos novamente. Rosa e Liebknecht foram executados e seus corpos jogados nas águas geladas de um canal em Berlim. Permanecem atuais e necessárias as frases de Rosa: “Há todo um velho mundo ainda por destruir e todo um novo mundo a construir. Mas nós conseguiremos.”