Mulher lésbica tem classe!!!

Via Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro SP

Nós, mulheres lésbicas, somos constantemente invisibilizadas na sociedade capitalista que se utiliza dos papéis sociais impostos para nos explorar e oprimir cada vez mais. São muitos os aspectos das nossas vidas que devem ser debatidos, sem ignorar as diferenças e como elas estão expostas dentro desse sistema.

A necessidade da luta cotidiana contra todas as formas de exploração e dominação nos é clara, entretanto uma forma de intensificar e dar visibilidade não só ao debate, mas, também, às pautas especificas, é a existência de uma data que seja marco da nossa luta e da nossa resistência.

Essa história de luta por existir e ser reconhecida enquanto humano, tem sangue de muitas pessoas que se colocaram na linha de frente através de muita mobilização popular, sendo a revolta de StoneWall, em 28 de junho de 1969 em Nova Iorque, um dos principais marcos da resistência LGBT, mas é o dia 29 de agosto, data criada por ativistas brasileiras em referencia e celebração do primeiro Seminário Nacional de Lésbicas, ocorrido no Rio de Janeiro, em 1996, que marca o dia nacional dessa luta: Dia Nacional da Visibilidade Lésbica.

Nós vivemos um acúmulo de violências e opressões. Somos invisibilizadas, violentadas e negligenciadas em todos os aspectos de nossas vidas. Primeiro por sermos mulheres e lésbicas, sobretudo quando somos mulheres, lésbicas, negras e trabalhadoras, sentindo de forma ainda mais ultrajante a exploração, o preconceito e a discriminação, além de toda a intolerância.

Temos como grande desafio expressar publicamente nossa sexualidade, vez que, ainda hoje, a moral sexual vigente impõe como padrão uma ideia de amor e família burguesa que desconsidera a diversidade e reconhece como família apenas o núcleo social formado a partir da união entre um homem e uma mulher.

Além disso, o prazer da mulher é entendido como algo desnecessário e muitas vezes condenável, pecaminoso e reforçado em diversas religiões. Isso se torna ainda mais complexo quando falamos da nossa sexualidade, sexualidade das mulheres lésbicas, já que a moral dominante é patriarcal, falocêntrica, machista e extremamente violenta, colocando que o prazer sexual só é possível na relação com parceiros homens e com intuito reprodutivo.

Exemplo da barbárie social que vivemos são os casos de estupro corretivo, prática corriqueira no qual existe uma legitimação do estupro feminino, justificado como forma de “correção” de mulheres lésbicas, que teriam escolhido a relação com outras mulheres por não conhecerem sexualmente um homem. De acordo com a Liga Brasileira de Lésbicas, estima-se que cerca de 6% das vitimas que procuraram o disque 100 do Governo Federal eram mulheres lésbicas, entre estas, ainda, havia um número considerável de denúncias por estupro corretivo.

Denunciamos: não temos direito de amar livremente; nossas relações amorosas estão submetidas à reprodução da ordem capitalista e de classes; as relações afetivas têm um fim específico, que é gerar filhos e continuar perpetuando a família patriarcal e monogâmica, garantindo a manutenção da propriedade privada; e, estamos condenadas à diversas formas de violência e opressão que, além da imposição de um padrão sexual heteronormativo, inclui agressões físicas e psicológicas que geram traumas e mortes.

Como a história nos ensinou, foi nossa organização enquanto movimento social que criou condições para os avanços, ainda que mínimos, que hoje vivemos. Essa luta pelo respeito às diferentes formas de expressão da sexualidade e pela garantia de todas as formas de amor é, também, a luta por uma sociedade sem classes, sem desigualdades sociais e sem exploração.

Enquanto existir qualquer forma de exploração, dominação e opressão as lutas feminista e comunista continuarão!

Estaremos lado a lado!

NETO, Arthur Virmond de Lacerda. História da homossexualidade – Parte 1 e 2. Disponível em:http://www.revistaladoa.com.br/website/artigo.asp. Acesso em 17 ago. 2018

FACCHINI, Regina. Movimento homossexual no Brasil: recompondo um histórico. Disponível em:https://www.ifch.unicamp.br/ojs/index.php/ael/article/view/2510. Acesso em 17 ago. 2018
CFCAMSP às 06:08