Arte do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro SP

Temos assistido, com o avanço do capital e das políticas neoliberais, que vem solapando direitos históricos conquistados com muita luta da classe trabalhadora, e em especial atingindo as mulheres, também uma ascensão da onda conservadora em todo o país. Hoje, de maneira mais visível, o crescente conservadorismo ganha tons fascistas e se manifesta através de um dos candidatos na disputa eleitoral para presidência do país, na qual a polarização política se mostra ameaçadora em especial para nós mulheres da classe trabalhadora do campo e da cidade, negras, LGBTs, indígenas e quilombolas.

O Brasil é um dos lugares mais perigosos para ser mulher no mundo. Segundo levantamentos feitos pela ONU, somos o quinto país com maior número de feminicídios do mundo. Apenas ano passado, mais de 4500 mulheres foram assassinadas, sendo 1133 identificadas como feminicídio. Os números em relação aos casos de estupro também são alarmantes: em 2017 passaram de 60 mil, percentual que cresceu 8,4% em relação ao ano interior. Infelizmente, a violência contra a mulher não está apenas em discursos inflamados, mas custa a vida de dezenas de mulheres diariamente.

Acreditamos que o incentivo à violência e ao ódio que vem se instalando no país, estimulado pela extrema-direita, não pode substituir o debate político e programático em torno do necessário enfrentamento aos problemas e adversidades vividos pela classe trabalhadora e a população brasileira.

Não podemos esquecer que esse clima de violência é o mesmo que matou Marielle e Anderson, que realizou atentados contra a caravana de Lula no Sul do país e que estimula ações individuais como a que atingiu o candidato Jair Bolsonaro, do PSL e a poucos dias, o candidato a deputado estadual pelo PT em SP, Renato Almeida, jovem negro que foi baleado a queima-roupa pela PM em uma atividade de campanha, assim como a agressão sofrida por Maria Tuca Santiago, uma das administradoras da página #MulheresContraBolsonaro, por 3 homens num táxi armados com revólver no Rio de Janeiro, e tentativas de intimidação.

Nós nos posicionamos veementemente contra todos esses atos.

Cabe dizer que o dito candidato vem alimentando em seus discursos preconceitos, machismo, homofobia e disseminado propagandas inverídicas sobre os comunistas, as feministas e organizações da classe trabalhadora, o que nesse momento conjuntural de escalada do capital é bastante vantajoso para as classes dominantes. Nos últimos dias, vários grupos de Mulheres Contra o Bolsonaro surgiram nas redes sociais, um deles com a presença de mais de três milhões de mulheres, e junto a essa alavancada das mulheres, passaram a aumentar as mais diversas manifestações com posicionamentos contrários à candidatura do tal candidato, manifestações dos mais diversos campos que compreendem tudo o que a figura de Bolsonaro e sua possível vitória nas urnas representará para toda a classe trabalhadora de nosso país. Contudo, também não esquecemos do apassivamento em que a classe trabalhadora foi colocada nos últimos anos e dizemos não à conciliação de classes. Está na hora da virada!

As mulheres trabalhadoras sempre estiveram nas ruas e nas frentes da batalha. Dia 29 as ocuparemos novamente contra a exploração de nossa classe, contra o machismo, o racismo, a LGBTfobia, o avanço do fascismo e pelo poder popular. #elenão.

Nota da Coordenação Nacional do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro

28 de setembro de 2018.