Todo apoio e solidariedade à greve das petroleiras e dos petroleiros!

 

Completando hoje 19 dias de greve, as petroleiras e os petroleiros resistem e apontam caminhos fundamentais para toda a classe trabalhadora brasileira: a radicalização das lutas e a solidariedade de classe. Os próximos dias serão decisivos para o movimento que já se configura como a maior greve dos últimos 25 anos do setor de petróleo e gás no Brasil e nos demanda o mais irrestrito apoio ao movimento.

Os bravos 21 mil petroleiros e petroleiras em greve por todo o país questionam a política de preços da Petrobrás e do governo Bolsonaro, reivindicam melhores condições de trabalho, cumprimento do acordo coletivo assinado em novembro de 2019 e posicionam-se firmemente contra a demissão de 1000 trabalhadores da FAFEN – PR, Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná, que anunciou seu fechamento em janeiro e os demais processos de privatização da empresa. Por força do movimento paredista, essas demissões estão suspensas até início de março, entretanto, o movimento segue sendo ignorado pela grande mídia e criminalizado com o apoio do Tribunal Superior do Trabalho, que julgou a greve ilegal, ameaçando os grevistas de demissão e impondo multas aos sindicatos que mantém a greve.

Desde o final de 2016, a política de preços adotada para o petróleo brasileiro é atrelada ao mercado internacional, fazendo com que altas sucessivas e exorbitantes nos preços do gás de cozinha e dos combustíveis derivados do petróleo contribuam também para o aumento geral no custo de vida dos brasileiros.
Assim, especialmente o povo pobre dos bairros e periferias, sofre na pele suas consequências. Atualmente, cerca de 20% (uma em cada cinco) das famílias brasileiras usam lenha ou carvão para cozinhar. Dados do IBGE de 2018 apontam que cerca de 14 milhões de famílias utilizam carvão e lenha no preparo dos alimentos. Somente nos últimos 2 anos foram mais 3 milhões de famílias que passaram a esta situação que vem se agravando país adentro.

A precarização e piora das condições de vida da classe trabalhadora são visíveis também a partir do altíssimo nível de desemprego (12,5 milhões de trabalhadores desempregados, em sua maioria, mulheres), acompanhado do aumento do subemprego e da informalidade como alternativa para a subsistência de milhares de trabalhadoras e trabalhadores. O fechamento da FAFEN-PR, engrossará ainda mais essa massa de desempregados, deixando essas famílias ao relento.

Nesse duro contexto, as petroleiras e os petroleiros mantém os braços cruzados e vêm demonstrando importantes caminhos para as lutas do próximo período: a venda do gás de cozinha por 1/3 do preço exercido no mercado foi uma importante ação que dá visibilidade para a luta, gera indignação com o custo de vida e ao mesmo tempo, estimula a solidariedade de classe. Tanto no apoio da população em geral, quanto nos atos massificados que ocorrerão nos próximos dias, é preciso investir toda nossa energia, em defesa da Petrobrás e das petroleiras e dos petroleiros.

Nos colocamos contra a demissão dos trabalhadores da FAFEN-PR, contra a criminalização e perseguição sindical e aos grevistas e contra a privatização da Petrobrás. É inaceitável a política de preços adotada pelo governo Bolsonaro e o aumento da carestia da vida para trabalhadoras e trabalhadores!

A manutenção de uma greve tão longa do setor petroleiro já é uma vitória. Porém nesse momento impedir as demissões de concursados e terceirizados, bem como a privatização da FAFEN – PR é uma importante trincheira para as lutas do próximo período.
É necessário toda nossa solidariedade e apoio aos grevistas, bem como a ampliação das paralisações para outros setores. Assim, o Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro conclama as camaradas, amigas e simpatizantes para somar nos atos e atividades de greve que acontecerem nos próximos dias.

 

Por uma Petrobrás 100% estatal sob controle das trabalhadoras e dos trabalhadores!

 

Coordenação Nacional do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro

Fevereiro, 2020.