O Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro – Cuiabá/MT vem por meio desta nota reafirmar seu compromisso com o feminismo classista que compreende as opressões enoveladas, para usar o termo de Saffioti. O que isso significa? Significa que pautamos e construímos nossa luta feminista cotidiana embasada no entendimento de que as massas femininas não são homogêneas, somos diversas e determinadas por classe, raça, gênero e sexualidade. Neste sentido, é impossível pensar na luta feminista sem a sexualidade como um dos determinantes que nos coloca em posições subalternas e expostas a sofrer todo tipo de violência, seja por parte de pessoas preconceituosas, seja por parte do Estado. O feminino foi construído socialmente de forma que tudo o que é a ele associado é ruim e isto se dá desde a infância. As mulheres transexuais são violentamente atacadas porque, socialmente, uma pessoa que nasce com pênis deveria performar a masculinidade hegemônica, ligada a virilidade e ao poder. Homens gays que expressam maior “feminilidade” e proximidade com os papéis atribuídos ao “feminino” também passam por isso. A sociedade até aceita o gay, mas só se ele for discreto, ou seja, se ele não performar a “feminilidade”. As mulheres lésbicas e bissexuais que performam a feminilidade socialmente construída, por diversas vezes são invalidadas e têm sua orientação sexual questionada até mesmo pela comunidade LGBT. Não são só essas identidades, existem tantas outras que compõem a comunidade LGBT e não se identificam com nenhuma das anteriores. E, para além das identidades, existe uma questão fundamental que nos une em nossa diversidade: a classe social. Nos une porque nos explora enquanto trabalhadoras e trabalhadores LGBTs; porque nenhum apoio de empresa capitalista ao movimento LGBT vai acabar com a violência a que estamos submetidas/os; porque a nossa diversidade é apropriada como diferença e isso nos causa fragmentação enquanto classe, diminuindo as possibilidades de nossa organização política contra essa sociedade patriarcal racista heteronormativa sexista e capitalista. Cada uma de nós é acometida de alguma forma pela exploração e opressão do capitalismo, seja quando os únicos postos no mercado de trabalho são os callcenters, os salões de beleza, trabalhos informais como Ubers, entregadoras/es de comida, dentre outros postos de trabalho. Sob nenhuma hipótese, em cargos de chefia ou destaque social. Quando acessamos melhores empregos e melhores salários foi porque tivemos que ser “três vezes melhores”, no sentido de formação profissional, fato este que gera muito sofrimento físico e psíquico. Seja no acesso a direitos básicos como, saúde, moradia e educação, seja também pela violência brutal que nos machuca e assassina todos os dias, especialmente nesses tempos de pandemia de Covid-19, nos querem invisibilizadas/os, escondidos nos espaços privados e precarizados. Não nos enganemos com a ilusão de avanço na luta mercantilizada e vendida para grandes marcas e empresas. Emancipação não é mercadoria! Vamos celebrar nossa luta e existência para continuar dia a dia o legado de resistência de muitas/os que se foram e deram o pontapé na visibilidade de nossas vidas.
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