O machismo (assim como o racismo e outras formas de opressão) não é meramente acidental, mas estrutural, e se materializa em todas as dimensões da vida cotidiana. Nesse sentido, o feminismo classista, apoiado no materialismo histórico, compreende que a exploração da classe se estrutura e manifesta com a opressão de gênero.

Em uma sociedade de classes onde o gênero é marcador de opressão e exploração redobrada, não surpreende que a ideologia burguesa sexista permeie amplamente espaços institucionais e não-institucionais. Vivenciamos o machismo inclusive nas organizações políticas de esquerda. No entanto, tal fenômeno não pode ser naturalizado. Não podem os espaços de organização política da esquerda, em especial a revolucionária, dar-se ao luxo de reproduzir a mesma ideologia machista de mistificação e subjugação da mulher que advém da estrutura capitalista.

É dever daqueles que tomam partido nas organizações de esquerda pensar e atuar frente à realidade concreta, considerando as demandas da classe trabalhadora. Isso inclui necessariamente um projeto de organização compatível com as pautas das mulheres trabalhadoras. Ignorar a presença corrosiva do machismo nas organizações seria uma armadilha desarticuladora da classe da qual a mulher também faz parte. A teoria revolucionária refletida, debatida e construída pelas feministas classistas nos permite compreender essa realidade.

Cabe a nós organizar espaços, junto a nossos camaradas, para discutir sobre como o machismo é reproduzido nas condutas e falas, demandando por parte de nossos pares maior atenção aos estudos sobre machismo, LGBTfobia e racismo.

A consciência revolucionária se constrói na luta contra toda forma de exploração e opressão, e é compromisso das feministas classistas lutar contra a reprodução da ordem capitalista, manifesta também no machismo dentro e fora dos espaços da esquerda.

Rosa Luxemburgo, Alexandra Kollontai, Olga Benário, Josina Machel, Angela Davis, Ana Montenegro, Olga Maranhão e Iracema Ribeiro são referências para nós, como dirigentes, intelectuais, comunicadoras, organizadoras, e combatentes. Nosso lugar é na luta!

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