A violência contra a mulher é produto da realidade histórica da sociedade. O modo de produção capitalista, e a divisão da sociedade em classes, acirrou ainda mais a disputa e aprofundou a desigualdade entre os sexos. Dessa forma, a mulher, vista como um ser inferior ao homem, se torna propriedade do homem, e é explorada tanto por ele, na esfera privada, quanto pelos meios de produção, na esfera pública.

No Brasil especificamente, o reconhecimento da violência contra a mulher como um problema social é muito recente, isso porque, a primeira lei a punir os agressores pelas violências no ambiente público e privado se deu em 2006, com a Lei Maria da Penha, a qual classificou os tipos de violência nos seguintes grupos: patrimonial, física, sexual, moral e psicológica. Além disso, em 2012, pela primeira vez são divulgados nacionalmente dados sobre homicídios de mulheres no Mapa da Violência.

A partir dos resultados alarmantes em 2015 foi sancionada a Lei do Feminicídio. Os dados no entanto nos mostram que apesar dos avanços já alcançados ainda estamos longe de uma igualdade jurídica e social: em 2018 o Brasil registrou 13 mortes violentas de mulheres por dia, sendo 66% do total dos casos no domicílio da vítima, e 180 estupros diários, mais da metade do total com meninas de menos de 13 anos.

Os dados revelam ainda o peso do racismo estrutural: a taxa de feminicídio e violência sexual entre as mulheres negras é quase o dobro se comparado às mulheres brancas. Somado a característica de sexo e raça, mulheres de menor baixa renda e escolaridade costumam ser as mais afetadas pelos tipos de violência. Atualmente, no contexto de pandemia, percebe-se uma subnotificação dos casos. Apesar dos números revelarem redução, essa não é a realidade, mas sim a dificuldade de realizar a denúncia durante o isolamento. Dessa forma, lutar pelos nossos direitos dentro do sistema burguês é importante, incentivar que mulheres não fiquem em silêncio e recorram a ajuda institucional é imprescindível, mas é preciso ir para além disso: acabar com uma sociedade que nos hierarquiza, explora e oprime diariamente.

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