Heleieth Saffioti nasceu no interior de São Paulo, em 4 de janeiro de 1934. Estudou Ciências Sociais na USP, na década de 1960, iniciando nesta mesma época suas pesquisas sobre a questão feminina. Este também foi o tema que sagrou a sua tese de livre-docente defendida em 1967, na atual UNESP, orientada pelo professor Florestan Fernandes. Este trabalho foi um marco para os estudos a respeito da posição da mulher na sociedade, sendo posteriormente publicado em livro com o título de A Mulher na Sociedade de Classes: Mito e Realidade. O livro revelou o pioneirismo de Heleieth Saffioti: a primeira mulher na América Latina a escrever sobre a condição feminina na perspectiva da transformação social.
Em condições muito desfavoráveis, ajudou a colocar, em novos termos, o marxismo no interior da luta das mulheres. Saffioti ousou escrever sobre um tema pouco aceito, num ambiente predominantemente masculino, com um referencial teórico marxista, durante uma ditadura militar.
Além da sua obra magna, Saffioti é autora de vasta bibliografia sobre o trabalho feminino no Brasil e não parou de produzir até o final de sua vida, em dezembro de 2010. Examinou a divisão sexual do trabalho nos diferentes setores da produção; as condições de trabalho das mulheres no campo; a estrutura do emprego doméstico, entre outros temas publicados em livros, artigos e comentados em entrevistas. Apreendeu gênero, classe e raça/etnia como os três eixos que estruturam nossa sociedade, como contradições que não operam de forma isolada, tornando a realidade muito mais complexa.
Saffioti conclui que não é possível qualquer tipo de libertação para a mulher no contexto do capitalismo e que só o socialismo tinha uma natureza libertária capaz de dar fim à opressão feminina. Daí que a luta deveria ser uma luta de classes e não tão somente de gênero. Aponta também para a natureza pequeno-burguesa do feminismo como era posto na época, que viria reforçar a sociedade de classe. Em consequência, reduz a verdadeira luta feminista à luta pelo socialismo.
fontes: marxismo21, site da Unesp e artigo “O feminismo bem-comportado de