O sufrágio feminino no Brasil foi legitimado em 24 de fevereiro de 1932 através da Constituição Federal do período, sua luta perdurou por mais de quarenta anos, tendo seus primeiros indícios no fim do século XIX, sobretudo o ano de 1891. No entanto, a história de organização das mulheres no país é antiga e anterior à luta pelo direito ao voto, assim, é necessário que se considere seu histórico de lutas, e não apenas os anos da década de 1930 como um ponto de partida da participação das mulheres nas lutas populares no Brasil. São inúmeras as figuras que possuíram participação ativa nos processos históricos, mas que ainda hoje não constam a devida importância na historiografia “oficial”.
No livro “Mulheres- participação nas lutas populares” Ana Montenegro cita estes diversos casos. Ela traz Ana Floriano que em 1875, juntamente com outras mulheres que também participaram do movimento dos Quebra-quilos, destruiu as listas de convocação militar na cidade de Mossoró (RN), fato que se repetiu também em Minas Gerais. Além do papel significativo que as mulheres possuíram como líderes quilombolas, assim como também na luta pela abolição da escravatura, como Amélia de Souza Dantas e Laurina Maria, nomes pouco conhecidos.
Chegando-se às lutas que mobilizaram o início do século XX, vê-se a também massiva presença feminina nas greves operárias, como a greve dos 600 têxteis em maio de 1907, em que eram maioria na categoria, outras greves que se seguiram, como as de 1912, 1917 e 1919, todas em São Paulo, e onde inúmeras mulheres foram presas. Já na década de 1930, nota-se uma extensa lista de mulheres engajadas em atividades políticas mais definidas, como o ingresso de centenas delas na Aliança Nacional Libertadora, e entre as organizações de massa pertencentes a ela, encontra-se o nome da União Feminina do Brasil.