Maio é considerado o mês de combate à pobreza menstrual. Embora o assunto não seja muito debatido, estima-se que 29% das mulheres brasileiras não tiveram como comprar absorventes em algum momento da vida.
Entretanto, a pobreza menstrual vai muito além, ela denuncia um problema global da falta de acesso à água, saneamento básico e desigualdade social. Moradoras de rua, mulheres que vivem em abrigos e presídios e pessoas em situação de pobreza são as populações mais vulneráveis a esse problema, tendo que improvisar soluções com papel higiênico, pedaços de pano e até miolo de pão.
Quando as condições básicas para lidar com a menstruação são precárias ou inexistentes, menstruar se torna uma questão de saúde pública. De acordo com pesquisa encomendada pela Always e realizada pela Toluna no Brasil, 28% das mulheres já perderam aula por não ter acesso a absorventes. Adolescentes também relatam evitarem a escola neste período devido às condições precárias de higiene dos banheiros escolares.A pesquisa mostra que a falta de produtos menstruais fez com que 35% das mulheres deixassem de praticar esportes na escola. Além disso, é importante lembrar que homens trans também menstruam e que, além dos fatores que causam a pobreza menstrual, eles são ainda afetados pelos preconceitos decorrentes da transfobia.Hoje em dia, muito se discute sobre a substituição dos absorventes descartáveis por opções que sejam menos nocivas ao corpo humano e ao meio ambiente. Porém, esses novos métodos muitas vezes não são compatíveis com a realidade das pessoas que menstruam e não têm acesso livre à água e saneamento, sejam elas trabalhadoras que passam o dia todo na rua, detentas ou moradoras de rua.
Isso revela que a superação das práticas menstruais nocivas passa irremediavelmente pela erradicação da pobreza. Apenas quando todas as pessoas tiverem garantidos seus direitos básicos é que haverá possibilidade real de uma transição substancial para métodos ecológicos e 100% seguros de higiene menstrual.
É preciso lutar contra as condições que geram a extrema precarização de mulheres e homens da classe trabalhadora e seguir na construção do poder popular, pela dignidade humana.