Via Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro Rio Grande do Norte

Recentemente, o fascismo voltou a ser pauta de intenso debate na sociedade. No entanto, muitas vezes se fala sobre o tema ignorando o seu caráter de classe e o projeto de sociedade a que está associado. O fascismo é uma face do capitalismo, é uma escolha da burguesia e do liberalismo em conjunturas de crise profunda, que tem características sociais, econômicas, culturais e políticas próprias e atua para a manutenção dos privilégios e dos lucros do capital. O Irracionalismo, o conservadorismo, o racismo e a violência se elevam na mesma medida em que é aplicada a agenda econômica a serviço do capital.
No Brasil, diante do quadro de agravamento da crise assistimos nos últimos anos a ascensão de setores de extrema-direita com tendências fascistizantes, processo aprofundado nos dois anos de governo Bolsonaro-Mourão. Caminhando no sentido de transformar a retórica neofascista e alguns de seus elementos em políticas de governo, Bolsonaro avança na perseguição aos movimentos sociais, no ataque e tentativas de constrangimento aos demais poderes, no cerceamento aos meios de comunicação, na criminalização dos militantes de esquerda e no fortalecimento e amparo legal para a realização de ações violentas por parte das forças policiais. Tudo isso, garantindo e sustentando a agenda ultraneoliberal de destruição de direitos, que atacam nossas vidas e futuro das próximas gerações.
Afirmamos sempre e não podemos deixar de dizer: somos nós, mulheres, quem sentimos mais fortemente os avanços desse movimento político anti-classe trabalhadora. Construímos resistência recentemente nos atos antirracistas e antifascistas, e mesmo em meio a pandemia não permanecemos inertes. Nunca na história isso aconteceu.
Relembramos que sem as mulheres seria impossível vencer o nazismo e o fascismo que avançaram nos países no século XX com o apoio das burguesias nacionais. Milhares de mulheres, combatentes, atiradoras, ocuparam as trincheiras da guerra, lado a lado com os homens, para destruírem juntos, de armas na mão, a ameaça fascista.

As comunistas no exército vermelho soviético, e as mulheres organizadas antifascistas em todo o mundo nos deixam inúmeras lições para a luta do presente. Sem organizar as mulheres nosso movimento classista não terá forças nem caráter revolucionário, da mesma forma que, sem uma direção anticapitalista que fortaleça nossas lutas, é impossível a construção de uma ofensiva capaz de derrotar os inimigos da classe trabalhadora, inimigos das mulheres.
Contra o fascismo, não é possível nenhum tipo de vacilação ou de espera. Nós, feministas classistas, nos colocamos em combate permanente nas lutas para o enfrentamento à extrema direita e em defesa de nossas vidas e nossa emancipação.