Vivemos no país que concentra o maior número de mortes de gestantes e puérperas por Covid-19 no mundo, 77% das mulheres que morreram nesse perfil, são brasileiras.
A pandemia agravou esse problema de saúde pública em nosso país. O índice de mortalidade materna no brasil é alto. De acordo com dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) foram 39 mil óbitos maternos entre 1996 a 2018, e as causas obstétricas diretas que se destacaram foram: hipertensão,hemorragia , infecção puerperal e aborto. Tais causas poderiam ser identificadas e tratadas com uma assistência em saúde adequada.
Mulheres negras totalizam 65% dos óbitos maternos, mulheres que não vivem em união conjugal representaram 50% dessas mortes. Apesar de a escolaridade ter sido ignorada em 13% dos registros de óbitos maternos do SIM, mulheres de baixa escolaridade (menos de oito anos de estudo) corresponderam a 33% dos casos.
A maioria das mortes maternas são evitáveis e consequência de atendimento pré-natal de baixa qualidade ou escasso, da falta de recursos para cuidados críticos e de emergência, dificuldade de acesso aos serviços pré-natal e neonatal, violência obstétrica, além dos obstáculos que se apresentam na pandemia e comprometem ainda mais o acesso aos serviços e cuidados de saúde.
O contexto obstétrico extremamente racista e violento que vivemos, a desigualdade social, a ausência de garantia aos direitos mais básicos como alimentação, moradia e educação estão diretamente relacionadas à mortalidade materna que é também uma grave violação dos direitos humanos.
Nós do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro, seguimos na luta pela garantia de atenção integral plena a saúde da mulher, assim como pela garantia de todos os direitos essenciais mais básicos, que são determinantes na qualidade de vida da população e fundamentais para a redução da mortalidade materna.