Para as mães que choram
Poesia da camarada Gabriela Marreco
Conjuntura exaustiva.
Trabalho
Casa
Pandemia
Mães que saem para o trabalho na segunda
Voltam para casa no sábado
Depois de deixar tudo arrumado
Pega ônibus lotado.
Usa mascara
Protege as mãos
Com angustia no coração, de ter deixado os filhos com avó
Tinha que trabalhar, pra deixar comida feita pro patrão.
Tenho medo de morrer
E deixar meus filhos neste mundo
Se eu não der o de comer
O que será deles no futuro
Patrões em quarentena
Piscina, Leituras, música, teatro
Mas estão surtando
Estão entediados
A patroa, vai dar uma festa
Ela acha que sou da família,
Não vou servir
Nós empregadas não vamos ir embora
Porque estamos em pandemia.
Cadê nossos filhos, eles sumiram,
Já fazem cinco meses, na porta de nossas casas
Nenhuma notícia, ninguém se mobiliza
Mas como vamos achar se estamos em pandemia?
Preciso ver meu filho, está doente
Deixei ele sozinho está todo carente.
Preciso de licença, não consigo concentrar
Mas não há nenhum auxilio no INSS para a mãe se acalmar.
Estão querendo acabar com o SUS
Onde vamos consultar
Sucateamento, privatizações
Todas temos que lutar
Chegou o luto, tiraram um pedaço de mim,
É uma dor tremenda, que não parece ter fim
Câncer
Agressões
Covid
O que será de nós?
Para as mães que choram, por diversos motivos
Por ir trabalhar e deixar os filhos sozinhos
Pela morte de Covid, tumores e agressões
Que o luto se transforme em luta
Por uma sociedade livre de explorações