Sabemos que o papel de mãe, desde o século XVIII, está relacionado ao lar e aos cuidados infantis, e que usualmente o trabalho assalariado afasta as mulheres do lar. Porém, precisamos aumentar o debate sobre o quanto as mães trabalhadoras são afetadas no mercado de trabalho, ainda mais se forem mães solo, além da dificuldade de recolocação profissional depois da maternidade.
De acordo com levantamento da Consultoria iDados, a remuneração das mulheres com filhos é, em média, 35% menor do que a remuneração das mulheres que não têm filhos. Esses dados nos mostram o quanto ainda sofremos com as consequências de uma cultura patriarcal que, devido à divisão sexual do trabalho, direciona postos de trabalho aos homens, que na nossa sociedade têm muito pouca ou nenhuma responsabilidade de cuidado no lar.
Essa mesma lógica pode até beneficiar mulheres sem filhos, mas sempre as tratará com suspeição de gravidez, sendo que as mães são evitadas pelo mercado, de maneira geral, devido aos cuidados com filhos que possam fazer com que se ausentem do trabalho, além de alguns direitos trabalhistas que são vistos como despesas para as empresas.
Além disso, a PNAD mostrou que dos 30 milhões de famílias que têm mulheres como referência, apenas 1/3 conta com a presença de um cônjuge. A sobrecarga e o excesso de responsabilidades são características próprias das mães solo, já que acabam fazendo tudo sozinhas, tendo dupla, tripla e até quádrupla jornada de trabalho.
Outra pesquisa do IBGE, revelou que as mulheres que trabalham fora dedicam 8,1 horas por semana a mais do que os homens aos afazeres domésticos e cuidados com os filhos, além das 8 horas diárias de trabalho.
O Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro segue apoiando a luta pela implantação de creches em locais de trabalho e estudo, pelo auxílio emergencial para as mães solo, pelo fim da divisão sexual do trabalho capitalista e se solidariza com todas as mães desamparadas que passam por preconceitos e dificuldades, especialmente neste momento de pandemia, onde as condições de vida da classe trabalhadora estão cada vez mais precarizadas!
Por: @anamontenegro.caxiasdosul