ORGANIZAR A RESISTÊNCIA DAS MULHERES!
Nota Política Coletivo Feminista Classista Bahia
Ao longo da história das sociedades, as mulheres foram fundamentais para a consolidação de condições de existência avançadas. Foram protagonistas de processos de luta e resistência, sejam indígenas, quilombolas, LGBTI, presentes em movimentos de libertação de seus povos e movimentos revolucionários, em momentos que nossa existência política e civil fora questionada e até mesmo negada.
As conquistas alcanças até hoje só foram possíveis devido a luta organizada de trabalhadoras e trabalhadores, pela superação desse modelo de sociedade, resistindo à retirada de direitos básicos e na busca por melhores condições de vida para a nossa classe.
O ano de 2019 tem início com as marcas políticas da extrema direita no Governo Bolsonaro que, em quase dois meses, vem aplicando um conjunto de medidas que visam a retirada de direitos e que escancaram suas alianças com os diversos setores da burguesia nacional e internacional, seguindo com a agenda de ataques às conquistas da classe trabalhadora brasileira colocando em risco os mínimos direitos sociais.
Já foram aplicados cortes no que se referem diretamente à vida da classe trabalhadora e dos movimentos sociais, como uma tentativa de silenciamento das nossas pautas no campo do setor público, como o fim do ministério do trabalho, da cultura, do esporte, do desenvolvimento social; a demarcação de terras indígenas deslocada para o ministério do agronegócio; a retirada das pautas da população LGBTI do âmbito dos Direitos Humanos, ocultação da cartilha de saúde para a população Transsexual do site do Ministério da saúde e ameaças de cortes e perseguições ideológicas para educação e setores públicos.
O Governo Bolsonaro tem como prioridade para este primeiro momento aplicar seu pacote de reformas e privatizações. A reforma da previdência social, desconsidera as duplas, as triplas jornadas de trabalho exercidas pelas mulheres mais pobres da cidade e do campo, aumentando o tempo de contribuição e idade mínima para ter acesso à aposentadoria. A reforma ainda irá alterar o valor do benefício de prestação continuada, que corta para menos de um salário mínimo o valor a ser recebido por idosos pobres. As mulheres viúvas, maiores beneficiárias em pensão por morte também serão prejudicadas, recebendo o valor da pensão pelo tempo de trabalho de seus maridos pela metade, em alguns casos, nem terão direito.
Com essa contrarreforma da previdência, teremos que escolher trabalhar até morrer ou morrer de trabalhar. Nossa mobilização em favor da nossa aposentadoria e dos nossos direitos devem ser pautas das mulheres feministas e de toda a classe trabalhadora nesse momento de mobilização e organização da luta.
Entre as medidas em curso, o pacote anticrime proposto pelo então Ministro da Justiça Sergio Moro, que está fadado ao extermínio da população negra, periférica e camponesa, dando passe para que o braço armado do estado continue agindo por “emoção ou medo” ao que se trata do assassinato de vidas da classe trabalhadora. O pacote anticrime, que dialoga diretamente coma flexibilização do porte de armas de fogo não apresentam vias reais de diminuição da violência, e sim de aumento homicídios, em destaque, do feminicídio, que em sua maioria acontecem no ambiente doméstico.
No estado da Bahia, a reeleição de Rui Costa ao governo, com mais de 70% dos votos, ignora o sucateamento da educação no estado, com o fechamento de diversas escolas e orçamentos insuficientes para as universidades, e o seu perfil de militarização que promove o aprofundamento da violência e morte da população negra. Em seu discurso de posse, marcado pela exaltação da família e da religiosidade cristã, vemos se desenhar mais uma vez, a redução da participação do Estado em políticas públicas, fortalecendo a parceria público-privado para a execução de suas promessas de campanha.
Destacando a manutenção de investimentos no setor de segurança pública, reforçando a lógica de criminalização da população periférica. É preciso destacar que Rui Costa, foi o primeiro governador da União a declarar apoio ao pacote anticrime do ministro da justiça, antes mesmo de ler o material na íntegra, o que se manifesta como um dos pontos da política reacionária do governador petista.
Com o avanço do fascismo no Brasil, presenciamos o aprofundamento dos ideais conservadores cristãos, que perseguem tudo o que está fora dos ideais de moralidade e civilidade dos mesmos, para os campos da educação, saúde, diversidade e povos originários. Posturas que expressam retrocessos no debate dos direitos da vida das mulheres cis e homens transsexuais, a exemplo da questão do aborto e o estatuto do nascituro que nega a violência e o direito sobre nossos corpos, com questionamentos em volta dos nossos direitos reprodutivos.
Fomos nós, mulheres, ao longo da história, os motores das revoluções e resistência contra as imposições do capital sobre as nossas vidas! O dia 8 de março, é marcado como dia de luta internacional das mulheres trabalhadoras, temos um dever histórico de fazer desse oito de março mais um dia de luta, contra o Governo Bolsonaro e em defesa dos nossos direitos e das nossas vidas. Relembrar daquelas que lutaram em prol de um mundo mais justo, como Marielle Franco, Ana Montenegro, Dandara, Luiza Mahin, Laudelina de Campos Mello e de tantas outras.
O que está posto para nós mulheres brasileiras é a necessidade da organização da luta frente às políticas em curso. Diante da instauração do conservadorismo no poder, muitos debates serão levantados, provocando comoção pela aparência enquanto a sua real intenção fica escondida. Para esse momento é fundamental a participação das trabalhadoras, se organizando em seus espaços de trabalho, estudo e moradia. Dessa forma, nós mulheres do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro nos empenhamos na luta em defesa da classe trabalhadora, sendo fundamental a unidade de ação com as forças combativas.
No mês de março, convocamos todas a mulheres a marcha em resistência contra esses ataques. Participe das mobilizações de sua cidade, se organize em seu bairro, trabalho, escola e universidade.
Vamos fortalecer a luta por um outro mundo possível para toda a classe trabalhadora!
CONTRA A REFORMA DA PREVIDÊNCIA!
PELA REVOGAÇÃO DA REFORMA TRABALHISTA!
E PELA VIDA DAS MULHERES!
Coordenação Estadual Bahia Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro