A data criada por ativistas brasileiras em referencia e celebração do  primeiro Seminário Nacional de Lésbicas, ocorrido no Rio de Janeiro, em 1996. Sabemos que a luta contra todas as formas de dominação precisa ser cotidiana, mas compreendemos a relevância de uma data que tornou-se um marco de luta resistência das mulheres lésbicas e bissexuais brasileiras, uma maneira importante e necessária de intensificar e dar visibilidade ao debate em torno da vida das mulheres lésbicas e suas pautas especificas.

As mulheres lésbicas vivem um acumulo de opressões e violências, são apagadas violentadas e negligenciadas em todos os aspectos de suas vidas.Primeiro por serem mulheres e lésbicas, contudo, as mulheres, lesbicas, negras e trabalhadoras sentem de forma ainda mais aviltante a exploração, o preconceito,a discriminação e toda a intolerância. Essas mulheres possuem um grande desafio mesmo em  expressarem publicamente sua sexualidade, visto que ainda hoje a moral sexual vigente, impõe como norma uma idéia de amor e famílias burgueses,que desconsidera a diversidade  entende e reconhece como família  apenas o núcleo social  formado a partir da união entre homem mulher e seus descendentes,fato evidenciado na proposta de estatuto da família,uma proposta inconstitucional,apresentada por um parlamentar evangélico.Isso mesmo com dados do IBGE de 2010 apontando que  25% das famílias brasileiras não se enquadram nesse modelo tradicional.Projetos como esse reproduzem muito do senso comum, que ,ainda prevalece em nossa sociedade e comprometem os avanços alcançados com muita luta e resistência como o reconhecimento em 2011 pelo Supremo Tribunal Federal da união estável entre casais do mesmo sexo, com os mesmos direitos das famílias tradicionais,e da legalidade garantida pelo Conselho Nacional de Justiça em 2013.

Essa  moral sexual que coloca o prazer da mulher como algo desnecessário e muitas vezes condenável,pecaminoso como ainda é prevalente em diversas religiões. Isso se torna ainda mais dramático quando falamos da sexualidade das mulheres lésbicas, já que a moral dominante é patriarcal, falocêntrica, machista e extremamente violenta, colocando que o prazer sexual só é possível na relação com parceiros homens.Os casos de estupro corretivo, prática corriqueira em em diversos países com expressão também no Brasil, no qual existe uma legitimação do estupro feminino, justificado como forma de “correção” (ISSO MESMO!) de mulheres lésbicas, que escolheriam a relação com outras mulheres por não conhecerem sexualmente um homem. De acordo com a Liga Brasileira de Lésbicas,estimasse que cerca de 6% das vitimas que procuraram o disque 100 do governo federal eram mulheres lésbicas,entre essas havia um numero considerável de denuncias de estupro corretivo.

A divisão sexual do trabalho e os papeis de gênero impostos,que estabelecem quais são os comportamentos masculinos e femininos esperados e aceitáveis ,nos leva a mais um questão
a ser analisada e que não é muito discutida embora seja de extrema relevância: a violência entre os casais lésbicos. Infelizmente o machismo, como prática social dominante, não é reproduzido simplesmente pelos homens, mas também pelas mulheres, que são frutos do seu tempo. Dessa forma, a violência doméstica, também é reproduzida entre esses casais, onde o papel masculino dominador pode ser incorporado por uma das parceiras cabendo a outra o papel de dominada,fazendo que  casos de abusos e violência domestica também aconteçam entre casais formados por mulheres.


Nesse contexto seguimos sendo “constantemente invisibilizadas nessa sociedade capitalista , que se ultiliza dos papeis sociais impostos para nos explorar e oprimir cada vez mais,nos oferecem o conto da suposta representativade.Assim frisamos:QUEM EXPLORA NÂO REPRESENTA!Precisamos também superar essa idéia de que a simples ocupação dos espaços de poder irá nos libertar.Precisamos de uma emancipação coletiva .Enquanto outra mulher sofrer com as amarras dessa sociedade nós precisamos lutar!

São muitos os aspectos da vida das mulheres lésbicas que devem ser debatidos, sem ignorar suas diferenças e como ela está exposta dentro desse sistema social desigual e opressor.

“… diferenças e especificidades devem ser percebidas. No entanto, dentro desta sociedade, não podem ser vistas isoladas de suas macrodeterminações, pois, por mais que o gênero una as mulheres, a homossexualidade una gays e lésbicas, a geração una as(os) idosas(os) ou jovens etc., a classe irá dividi-las(os) dentro da ordem do capital.” (CISNE, Mirla. 2012)

Nós do  Coletivo Ana Montenegro seguimos na luta contra todas as formas de dominação!

Contra a retirada de direitos e a violência sob nossos corpos!

Pelo direito a vida de todas as mulheres!
Pelo direito de todas as formas de amar e viver!

Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro, 29 de agosto de 2017