Iracy Picanço, presente! Ana Montenegro, presente!

Via PCB Bahia.

 

Com pesar e gratidão pela sua dedicação à luta, sentimos o falecimento da camarada Iracy Picanço, no último dia 30 de março. Militante comunista, professora emérita e ex-diretora da Faculdade de Educação da UFBA.

Nascida em 17 de fevereiro de 1939, na cidade de Salvador/Bahia. De origem simples, tornou-se Professora, exercendo uma intensa atividade no magistério básico e depois no magistério superior da Bahia. Foi professora primária entre os anos de 1958 e 1964, atuou na escola Abrigo dos Filhos do Povo e escola estadual Antonio Bahia. Durante os anos duros da Ditadura Burgo-Militar no Brasil foi afastada e retornou pela Anistia conquistada no país. Cursou a graduação de Pedagogia na Universidade Federal da Bahia – UFBA e concluiu em 1962. Com duas especializações, uma em 1963 em “Programação Educacional” pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE e a outra pela Unesco, em 1966, com a temática “Administración de la Educação”, na Universidade do Chile. No ano de 1978 concluiu o mestrado em Educação pela UFBA, onde ingressou através de concurso público como professora da Faculdade de Educação – Faced e se aposentou no ano de 2009. Iracy também foi uma das fundadoras da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação – ANPED.

Sua formação marxista permitiu a consolidação do grupo de pesquisa na Faculdade de Educação que observava no trabalho, enquanto categoria analítica, o cerne da interpretação para entender a sociabilidade humana.

Como uma histórica militante comunista, com extensa formação em Educação, se dedicou a luta e formulações nesta área e em defesa da classe trabalhadora. Fez parte do Comitê Regional do PCB na Bahia nos anos 80 e participou ativamente das lutas.

Iracy Picanço, sempre foi uma militante e intelectual crítica da postura reformista do PCB, nos anos 80. Nunca se curvou a direção que organizou a postura liquidacionista do partido na Bahia.

O dia 30 de março agora fica marcado com o falecimento de duas grandes camaradas comunistas, Iracy Picanço e Ana Montenegro. Duas grandes dirigentes comunistas que dividiram as trincheiras nas intensas atividades nas lutas sociais e das mulheres, principalmente na Bahia.

Ana Lima Carmo, a Ana Montenegro, nasceu em 13 de abril de 1915, na cidade de Quixeramobin/Ceará. A Bahia foi o lugar onde ela escolheu construir a luta e sua vida profissional. Formada em direito atuou nessa área e participou intensamente de produções na impressa comunista enquanto jornalista, com publicações em periódicos importantes e foi uma das fundadoras do jornal Momento Feminino. Esteve presente em lutas político-sociais nas manifestações em apoio a ocupação de trabalhadores sem teto no bairro da Liberdade, em Salvador, a ocupação do “Corta-braço”, em 1947.

Ana Montenegro foi filiada ao Partido Comunista Brasileiro pelo camarada Carlos Marighella, e esteve presente nas lutas políticas dos anos de 1944/45, pela democratização do Brasil, fim da II Guerra Mundial, pela anistia para os presos políticos e pela legalidade para o PCB. Ana Montenegro fez parte da importante transformação radical do partido.

Participou de instâncias políticas da luta feminista, a exemplo União Democrática de Mulheres da Bahia, Comitê Feminino pró Democracia, Liga Feminina da Guanabara e a Federação Brasileira de Mulheres. Devido a sua atuação, hoje a camarada é homenageada com o nome do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro, frente de luta do PCB.

Como contribuições para a militância, publicou os livros Mulheres – participação nas lutas populares, Uma história de lutas, Ser ou não ser feminista e Tempos de Exílio.

Ana Montenegro foi uma exilada política, que perdeu um de seus filhos na luta e faleceu em 30 de março de 2006.

Iracy Picanço, presente!
Ana Montenegro, presente!