Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro – Porto Alegre
Os povos indígenas, de todo o mundo, tem um histórico de luta contra o imperialismo, o colonialismo e o capital. Em 1995, a ONU criou o Dia Internacional dos Povos Indígenas como uma forma de aumentar a visibilidade e promover ações para a garantia de direitos mínimos, mas sabemos que a luta vai além dos meios formais, já que a investida do capital ultrapassa a legalidade, combinada com a negligência do Estado burguês.Desde a colonização da América do Sul, os povos indígenas têm sido vítimas do genocídio e etnocídio para acumulação dos capitalistas. No território brasileiro, dados da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) estimam que a população indígena ultrapassava 3 milhões habitantes em 1500. O censo de 2010 do IBGE registrou cerca de 817 mil indígenas, de 305 etnias e 274 línguas diferentes.Em um contexto permanente de violações, a situação não melhorou nem durante governos progressistas. Depois do golpe e da ascensão do governo de extrema-direita, as populações indígenas sofrem com vários retrocessos e novas investidas, principalmente com a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos que reproduz o colonialismo e a mentalidade burguesa em suas ações envolvendo esses povos, sob o guarda-chuva de um governo genocida.Na pandemia do coronavírus, os indígenas são obrigados a criar suas próprias formas de enfrentamento. Diariamente vemos notícias sobre o aumento exponencial do vírus entre esses povos e o pouco é feito. Um levantamento do blog Transparência Brasil, de junho, aponta que apenas 39% das verbas federais para combate à pandemia entre povos indígenas foram de fato executadas. O Instituto Socioambiental reúne, em seu site, uma linha do tempo com fatos que mostram a omissão do governo. E que demonstram para nós, comunistas, a continuidade do extermínio e subjugação dos povos indígenas ao capital.Somente em julho foi sancionada uma Lei Federal para ações de combate ao avanço da COVID-19 entre os indígenas, pela vulnerabilidade desse grupo, embora para muitas entidades afirmem que ela não assegure o suficiente. Na última quarta, o Supremo Tribunal Federal obrigou o governo a adotar diversas medidas, depois de muita pressão de organizações.Até o momento, no território nacional, são 148 povos afetados, 652 indígenas mortos e mais de 23 mil casos confirmados de Coronavírus, segundo a APIB – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil. Além do vírus, as ameaças que já sofriam se intensificam, se desdobrando à nova realidade. As investidas do agronegócio, de missionários com o aval de Damares, o aumento dos incêndios em terras indígenas, o avanço do garimpo, os confrontos, as ameaças de morte, a falta de garantias e boas condições no trabalho e a dificuldade no acesso a serviços públicos são apenas algumas das denúncias contra a vida das comunidades tradicionais pelo Brasil.Hoje, a APIB lança um manifesto e um pedido de solidariedade nacional e internacional, expondo a vulnerabilidade dos indígenas em tempos de pandemia, com o objetivo de arrecadar recursos para ações nos diversos territórios afetado. Some-se a luta de resistência histórica, cotidiana e durante a pandemia Na primeira foto, 1ª Marcha das Mulheres Indígenas, em agosto de 2019 em Brasília, um protesto contra políticas do governo Bolsonaro e em defesa da Amazônia e da demarcação de terras, organizada pela APIB. Na segunda foto, indígenas da etnia Kokama lamentam a morte do cacique Messias, que morreu de coronavírus em maio, em Manaus. Atualmente o povo Kokama é um dos mais afetados pelo COVID-19.