Nota da Coordenação Nacional do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro sobre as eleições de 1º turno e os próximos passos rumo ao 2º turno
“O fascismo encara o proletariado como um inimigo excepcionalmente perigoso e amedrontador. O fascismo é a expressão mais forte, concentrada e clássica em nosso tempo da ofensiva generalizada da burguesia mundial. É urgente e necessário fazê-lo cair. Isso não apenas no que diz respeito à existência histórica do proletariado enquanto classe, que libertará a humanidade superando o capitalismo. É também uma questão de sobrevivência para qualquer trabalhador, uma questão de acesso ao pão, a condições de trabalho e qualidade de vida para milhões e milhões de explorados” (Clara Zetkin – A luta contra o fascismo – 20/06/1923).
Apesar da citação de Clara Zetkin ter sido escrita no ano de 1923, suas colocações se mostram pertinentes também ao contexto brasileiro dos últimos anos e apontam para a urgência em derrotar um governo protofascista, reacionário e ultraliberal, que tem devastado as condições de vida da classe trabalhadora e ameaça a existência especialmente das mulheres, indígenas, população negra e LGBT.
A conjuntura dramática na qual ocorrem as eleições de 2022 nos evidencia que segue sendo urgente e necessário enfrentar a raiz da barbárie que se apresenta com o fortalecimento da extrema direita no Brasil: é preciso acabar com o capital e suas faces mais nocivas.
Foi com o objetivo de derrotar a extrema direita e apresentar um programa que atenda as demandas urgentes da classe trabalhadora, apontando para a necessidade de construção do socialismo, que nessas eleições de 2022, o CFCAM apoiou e contribuiu ativamente na construção de candidaturas próprias do Partido Comunista Brasileiro (PCB) no 1º turno, e é com esse mesmo compromisso que nosso Coletivo se coloca agora para a tarefa de fazer uma campanha militante pela eleição de Lula (PT) no 2º turno das eleições.
Os resultados apontados pelas urnas no primeiro turno e o saldo político e organizativo da campanha, nos trazem elementos que devem ser avaliados em sua totalidade. Avaliamos que a opção por lançar candidaturas comunistas e comprometidas com um programa radical para a classe trabalhadora foi importante e acertada. As candidaturas do PCB, juntamente com a juventude comunista, a corrente sindical e os coletivos partidários, puderam apresentar um programa necessário, urgente e possível para os trabalhadores e trabalhadoras brasileiros. Dentre os pontos principais do programa, destacamos as propostas levadas a nível nacional pelos camaradas ex-candidatos à presidência e vice-presidência Sofia Manzano e Antônio Alves, que incluem a redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais sem redução salarial e a revogação das contra reformas trabalhistas, além daquelas fundamentais às mulheres trabalhadoras cis e trans e das pessoas com útero: a criação de creches e lavanderias públicas e de restaurantes populares, o fortalecimento das redes SUS e SUAS, o aumento da quantidade e qualidade de partos humanizados, a disponibilidade de tratamentos hormonais de qualidade e gratuitos, a descriminalização e legalização do aborto. Estas foram pautas defendidas por várias das nossas candidaturas ao governo dos estados e candidaturas proporcionais.
Cabe destacar também que as candidaturas que apresentamos possibilitaram aproximar novas potenciais militantes, pessoas de vários setores da classe trabalhadora, que se identificaram com as pautas apresentadas em nossos programas pelo Brasil todo. Se, ao termos nos colocado de forma inegociável junto à nossa classe e ao termos construído propostas a partir da atuação em nossas bases, vimos ainda mais pessoas querendo estar em nossas fileiras e buscando a organização política dirigida por um partido revolucionário.
Foi sem rebaixar em nada nosso programa, nos mantendo radicais na compreensão e na atuação frente às necessidades da classe trabalhadora, que obtivemos a ampliação do apoio e dos votos nesse processo eleitoral, bem como alcançamos distintos setores da classe trabalhadora.
Enquanto colhemos esses frutos e planejamos nossas ações para além das eleições, outro objetivo ainda dentro da tarefa eleitoral se faz urgente. O governo Bolsonaro representa, com o fortalecimento da extrema direita, a ascensão e tentativa de consolidação de um protofascismo no Brasil, enquanto uma ofensiva burguesa vista também em outros países tanto da Europa como da América Latina. Por isso, nesse momento, entendendo a necessidade de derrotar Bolsonaro e seu projeto nas urnas, chamamos a todes, especialmente as mulheres trabalhadoras, a somarem nas campanhas e comitês e fazendo ativa campanha pelo voto em Lula.
Reconhecemos os limites das disputas dentro da institucionalidade do Estado burguês e também não temos falsas ilusões de que o projeto de conciliação de classes será suficiente para derrotar o bolsonarismo. Nesse momento, no entanto, precisamos impedir que Bolsonaro leve adiante mais 4 anos de um projeto de desmonte dos instrumentos mínimos para que possamos fazer as lutas de nossa classe, de genocídio da população mais pobre e dos povos originários, de fortalecimento de milícias armadas e ideias anticomunistas, machistas, racistas, lgbtfóbicas e de intolerância religiosa e de precarização absoluta das condições de vida da classe trabalhadora, que hoje enfrenta miséria, fome, sucateamento das políticas de segurança, educação, saúde, assistência, segurança alimentar e nutricional, combate à violência contra mulher, entre tantas outras.
Sabemos que o caminho para construção do poder popular são as lutas sociais e as ruas, fomos, nós militantes do CFCAM, parte relevante da construção de todos os atos a favor da vacina gratuita para toda população de forma urgente, pela garantia dos direitos trabalhistas e dos estudantes e pelos direitos de todas as pessoas com útero e contra a carestia dos itens básicos de consumo da população durante todo o período da pandemia. Nossas ações demonstram que não nos acovardamos diante das necessidades que essa conjuntura coloca e que, muito pelo contrário, com alinhamento político e independência de classe estamos na luta em todos os espaços em que ela acontece e, por isso e por uma “questão de sobrevivência para qualquer trabalhador, uma questão de acesso ao pão, a condições de trabalho e qualidade de vida para milhões e milhões de explorados” reforçamos o chamado: Derrotar Bolsonaro nas urnas e construir o Poder Popular nas lutas!
Nos próximos dias, estaremos convocando atos unitários, com protagonismo das mulheres contra o protofascismo e de apoio à Lula em todo Brasil. Venham construir conosco e ampliar as forças das massas, que podem derrubar Bolsonaro nas urnas, nas ruas e em todas as trincheiras.
Coordenação Nacional do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro
14/10/2022